Os produtores de biodiesel no Paraná poderão usufruir de mais
benefícios fiscais, agora concedidos pelo Governo do Estado. Essa
conquista veio no final de 2009, quando o governador Roberto Requião
assinou dois decretos diferindo o ICMS das biorrefinarias que cumprirem
as regras determinadas pelo Programa Paraná Bioenergia – PR Bioenergia,
acolhendo uma proposta que foi desenvolvida pelo grupo de trabalho
formado pela Copel, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e
Secretaria da Fazenda. Dentre os requisitos para receber o benefício
está a produção conjunta de alimentos e energia, o que beneficia a
agricultura do Paraná, em especial a agricultura familiar.
“Todos os empreendimentos de biodiesel que estiverem ancorados em uma
biorrefinaria, gerida por cooperativas de pequenos produtores rurais
cadastrados no Pronaf, terão diferimento total do ICMS nas aquisições
dos equipamentos e instalações e, também em todas as operações internas
e de comercialização com terceiros dos produtos produzidos por ela”,
informou o diretor de engenharia da Copel, Luiz Antonio Rossafa. “Para
tanto, é necessário submeter o projeto ao Grupo Gestor do PR -
Bioenergia para aprovação dos benefícios dos decretos junto à
Secretaria da Fazenda”.
O ICMS responde pela maior incidência nos custos de produção e comercialização dos biocombustíveis.
Biodiesel - Considerado como fonte de energia renovável e sustentável,
o biodiesel é o combustível no qual o binômio alimentos e energia
encontra sua perfeita integração. “Para cada litro do combustível
ecológico produzido, é possível produzir também 40 quilos de ração para
aves, suínos e gado leiteiro ou de corte”, comparou Rossafa. “Aliás, é
correto afirmar que o biodiesel é apenas um resíduo na cadeia produtiva
de alimentos, ou seja, um importante indutor do desenvolvimento
agrícola, econômico e social”.
Neste sentido, o Governo do Paraná criou o Projeto Paraná Biodiesel
para desenvolver não só a agricultura, mas também a atividade dos
pequenos agricultores do Estado. Em parceria com a Seab, o Instituto
Agronômico do Paraná – Iapar, Instituto Paranaense de Assistência
Técnica e Extensão Rural – Emater e Instituto de Tecnologia do Paraná –
Tecpar, além de outras instituições, a Copel participa do projeto
movida pelo interesse na sinergia entre a produção de energia e a
principal atividade econômica do Paraná – a agricultura, buscando
aumentar a integração com o segmento da sociedade que produz 80% dos
alimentos que chegam à mesa dos paranaenses.
Desenvolvimento - Para a Copel, o biodiesel é uma oportunidade de novos
negócios no setor de energia, principalmente considerando que, desde a
última crise do petróleo, em 1979, o seu estatuto social aprovado pela
Assembléia Legislativa do Paraná permitiu que a empresa também passasse
a atuar no segmento de energia sob a forma de combustíveis.
Os estudos técnicos e econômico-financeiros desenvolvidos pela equipe
da Coordenação de Energias Renováveis da Diretoria de Engenharia,
responsável pelo projeto na Copel, indicaram que, para projetos de
pequena escala, o biodiesel só é economicamente viável se forem
superados três grandes obstáculos: ser produzido em complexos
agro-industriais (as biorrefinarias), ser desenvolvido em parceria com
agentes devidamente organizados e capacitados, e que as operações
tenham isenções fiscais.
Assim, a fábrica de biodiesel deve fazer parte de uma biorrefinaria
capaz de processar e comercializar múltiplos produtos, tais como ração,
leite, ovos, carne de frango e de suínos. Em segundo lugar, o projeto
deve ser desenvolvido em parceria com agentes que dominam a tecnologia
agroindustrial de produção, comercialização e gestão dessas
biorrefinarias, deixando as atividades da unidade de biodiesel para um
parceiro capacitado para tal. E por fim, como elemento de fundamental
importância, vem a isenção fiscal, isso porque quando o custo do
biodiesel é comparado com o preço do óleo diesel comum de petróleo,
verifica-se que o custo deste último é baixo porque está inserido numa
complexa cadeia de subsídios cruzados.
“Para o biodiesel ser competitivo, a chamada desoneração fiscal deverá
ser estendida para todos os produtos de uma biorrefinaria, ou seja,
também é necessário reduzir os impostos que incidem sobre os alimentos
produzidos junto com o biodiesel”, argumentou o diretor de engenharia
da Copel. “Com isso, não é exagero afirmar que produzir biodiesel
significa alimentos e energia mais baratos e de melhor qualidade. E é
importante salientar que uma das principais características do
biodiesel é limpar o motor dos veículos de todas as impurezas e
incrustações deixadas pelo diesel mineral, além de reduzir
substancialmente a carga de poluentes que o diesel comum libera na
atmosfera”, completou.
Mais incentivos - Para vencer os dois primeiros obstáculos, Seab,
Copel, Iapar, Emater e outros agentes estão firmando parceria com a
Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar e a Cooperativa de
Produção e Comercialização da Agricultura Familiar, para instalação da
unidade de biodiesel na fábrica de ração que as cooperativas estão
construindo junto com a prefeitura de São Jorge d'Oeste.
Com relação à questão dos impostos, o Projeto Paraná Biodiesel já
recebeu resposta afirmativa daquele município para isenção dos impostos
municipais, restando sua regulamentação por meio de um decreto. Já na
esfera federal, a Copel fez os estudos tributários para o setor e agora
reivindica junto às autoridades em Brasília benefício tributário
semelhante para o projeto.
A solicitação tem o apoio da Secretaria da Agricultura do Paraná, do
Ministério de Minas e Energia e do Ministério de Desenvolvimento
Agrário e aguarda resposta do Grupo de Trabalho Interministerial –
Biodiesel, que é formado por representantes de vários ministérios e
comandado pela Casa Civil da Presidência da República. “A proposta
apresentada e defendida pelo Paraná pode contribuir significativamente
para o desenvolvimento do Programa Nacional do Biodiesel, já que propõe
o redirecionamento do foco do programa para a produção de alimentos e
coloca a produção de energia como conseqüência”, argumentou Luiz
Antonio Rossafa.
Além da luta pelos incentivos fiscais, futuramente o Programa Paraná
Biodiesel pretende conseguir também linhas de financiamento especiais
para equipamentos, instalações e capital de giro através do Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e do Banco do Brasil,
inclusive com acesso ao Programa Fundo de Aval Garantidor da
Agricultura Familiar.